Dupla falha de André Onana pune o Manchester United na derrota para o Lyon

Ai, Onana. Se você vai falar, precisa ter fé. O Manchester United ainda está na briga pela Liga Europa — mas isso apesar do goleiro, não por causa dele.

André Onana foi o responsável direto por um dos gols do Lyon e, sem dúvida, deveria ter se saído melhor no outro, já que o United deixou uma valiosa vitória fora de casa escapar com um colapso nos acréscimos no jogo de ida das quartas de final.

Uma vaga nas semifinais — e um confronto com o Rangers ou o Athletic Bilbao — ainda está ao alcance se o United conseguir vencer em Old Trafford na próxima quinta-feira. Mas depois que o gol do substituto Joshua Zirkzee, no final da partida, colocou o time na frente por 2 a 1, a vantagem deveria ter sido mais confortável.

O fato de não terem conseguido superar o desafio diz muito sobre a fragilidade constante desta equipe. Mas os holofotes recaem diretamente sobre Onana. Ele provocou um clima antes da partida ao afirmar que o United era "muito melhor" que o Lyon, entrou em uma discussão desnecessária com Nemanja Matic, do Lyon — ex-jogador do United — e então deu dois gols de presente para o adversário. Dentro e fora de campo, a situação era caótica.

Matic o classificou como "um dos piores goleiros da história do United". Isso é duro — Massimo Taibi ainda pode ter esse título —, mas os erros de Onana custaram caro mais uma vez e simplesmente não estavam à altura do padrão.

O Lyon pode ser apelidado de "Les Gones" — "As Crianças" — mas foi Onana quem pareceu ingênuo, comemorando animadamente na frente da torcida local após o gol de Zirkzee aos 88 minutos... apenas para tirar a bola da rede momentos depois.

Arrogância? Orgulho antes da queda? Chame como quiser — André Onana e o Manchester United não estavam em posição de causar problemas, e Ruben Amorim sabia disso. Quaisquer que fossem as intenções de Onana, ele reforçou a aposta mirando em Nemanja Matic — ex-companheiro de equipe de Amorim no Benfica — que só conseguia sorrir enquanto assistia ao drama se desenrolar do banco.

Amorim, para seu crédito, não se incomodou com o barulho. Apesar da arrogância demonstrada por alguns de seus jogadores, ele se recusou a criticar Onana publicamente após a partida.
"Isso pode acontecer", disse o técnico do United, dando de ombros. "Se você joga futebol e joga muitas partidas, pode cometer erros. Se você olhar para a temporada, eu cometo mais erros do que eles. O lado bom é que temos mais um jogo para mudar tudo."

E de fato o fazem. Amorim teve o cuidado de não reivindicar a vantagem, classificando o jogo como um empate de "50:50" e evitando a armadilha em que Onana caiu. Mas não se enganem: se o United não se classificar daqui, será um grande fracasso. Eles estão agora a apenas quatro jogos de uma possível conquista da Liga Europa — um troféu que garantiria uma vaga na Liga dos Campeões, preencheria um rombo financeiro de £ 100 milhões e ofereceria uma tábua de salvação para uma temporada que, de outra forma, seria fraca.

Foi por isso que a hierarquia do United compareceu em peso. Sir Jim Ratcliffe sentou-se ao lado do proprietário do Lyon, John Textor, ladeado por Joel e Avram Glazer — e assistiram consternados ao goleiro de £ 44 milhões chegar perigosamente perto de destruir tudo com uma atuação imprudente.

As discussões financeiras em torno de Old Trafford — custo-benefício, cortes no orçamento, gastos mais inteligentes — soaram vazias naquele momento. Onana, a contratação de alto valor do verão, estava dando um tiro no pé do United.

Os gols sofridos foram os mais fracos possíveis. O United vinha sendo o time mais ameaçador e deveria ter saído na frente, mas Rasmus Højlund — com apenas um gol em 27 jogos — desperdiçou uma grande chance, perpetuando sua crise de confiança.

Então veio o gol de abertura. Uma falta desnecessária foi cobrada, e Thiago Almada cruzou da direita. Onana se distraiu momentaneamente com o salto de Moussa Niakhaté, mas ainda assim deveria ter se livrado do cruzamento. Em vez disso, a bola quicou na frente dele, passou por seu mergulho e foi parar na rede. Ele até tocou na bola — uma fraca — quando Bruno Fernandes levantou os braços, pedindo impedimento. Mas a verdade é que ninguém — nem Fernandes, nem Patrick Dorgu — fez qualquer esforço real para acompanhar a corrida de Niakhaté. Foi o tipo de lapso que resumiu a temporada do United.

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Foi a 24ª vez nesta temporada que o Manchester United sofreu o primeiro gol em todas as competições — apenas o Leicester City teve desempenho pior entre os clubes da Premier League. E para piorar a situação, o gol de abertura do Lyon nem foi um chute, apenas um cruzamento esperançoso — sua primeira tentativa a gol. Matic 1, Onana 0.

Os torcedores da casa, que vaiavam cada vez que Onana tocava na bola, vibraram de alegria quando sinalizadores iluminaram o estádio. A ironia? Não foi a primeira vez que Onana foi pego de surpresa — um cruzamento semelhante de Jadon Philogene foi para o fundo da rede quando o United jogou contra o Ipswich Town no início da temporada.

E o segundo gol? Veio depois de uma pressão do Lyon na área do United. A bola sobrou para Georges Mikautadze, que chutou forte, mas direto para Onana. Em vez de pegar a bola ou chutar para fora, o goleiro defendeu, colocando-a em perigo — e Rayan Cherki foi o mais rápido a reagir, marcando o gol de empate. Foi o tipo de rebote que deixa os goleiros loucos — um momento em que se espera que goleiros de alto nível sufoquem a bola ou, pelo menos, a desviem da área.

Entre os dois gols do Lyon, o United mostrou lampejos de qualidade. Não só marcou duas vezes, como poderia ter marcado mais. Alexandre Lacazette, do Lyon, desperdiçou a chance, e do outro lado, Leny Yoro empatou para o United pouco antes do intervalo com uma cabeçada inteligente e improvisada. Em seguida, Bruno Fernandes fez um passe sublime para Joshua Zirkzee, que calmamente cabeceou para o United abrir o placar.

Isso deveria ter resolvido a questão. Aqueles dois gols ainda deveriam ser suficientes para levar o United à vitória. Mas este é um time que nunca parece seguir o roteiro — drama e imprevisibilidade estão sempre por perto. E nesta noite, foi Onana quem ganhou destaque pelos motivos errados.

"Não foi uma guerra", disse o técnico do Lyon, Paulo Fonseca, sobre a troca de farpas envolvendo Matic. "Não foi uma estratégia do Nemanja Matic", acrescentou, tentando minimizar a preparação. Mas o sorriso em seu rosto contava uma história diferente — Onana havia falado com a equipe por ele. E mais um pouco.