Presidente da FA da Inglaterra acusa Rubiales de beijar à força o bronze na Copa do Mundo Feminina

De acordo com um relatório da FIFA divulgado na quarta-feira, a presidente da Federação Inglesa, Debbie Hewitt, acusou o ex-presidente da federação espanhola, Luis Rubiales, de se envolver em comportamento “inapropriado” com jogadores ingleses durante a cerimônia de medalha na Copa do Mundo Feminina de 2023. A FIFA reconheceu que considerou sanções mais severas do que a suspensão de três anos imposta a Rubiales em 30 de outubro. Esta divulgação do relatório completo marca a primeira vez que o testemunho de Hewitt foi tornado público.

Hewitt testemunhou à FIFA que Rubiales segurou e acariciou o rosto da jogadora inglesa Laura Coombs e aparentemente beijou Lucy Bronze com força no rosto durante a cerimônia de medalha. Em resposta, Rubiales explicou que tentou confortar Coombs, que estava usando uma bandagem na cabeça devido a um ferimento. Ele também mencionou que participou da comemoração com Bronze, que foi campeão da Supercopa da Espanha.

Hewitt, que esteve presente ao lado de Rubiales na cerimónia da medalha, afirmou ainda que o seu tom de voz para com os trabalhadores da FIFA foi "desagradável e desnecessariamente agressivo".

A decisão de banir Luis Rubiales foi motivada por vários incidentes, incluindo um suposto beijo não consensual nos lábios da jogadora Jenni Hermoso após a vitória da Espanha na final da Copa do Mundo Feminina sobre a Inglaterra. Além disso, Rubiales foi visto agarrando a virilha na área VIP ao lado da rainha Letizia da Espanha e sua filha menor de idade.

No relatório, a FIFA enfatizou que estava inclinada a impor sanções mais severas devido à gravidade dos incidentes e ao impacto negativo que tiveram na imagem da FIFA, no futebol feminino e no desporto feminino em geral. Apesar destas reservas, o comité disciplinar concluiu que uma proibição de três anos serviria como um elemento dissuasor eficaz.

Após o anúncio da suspensão em outubro, Rubiales manifestou a intenção de recorrer e criticou a FIFA por não lhe ter dado oportunidade de se defender. O comitê observou que não poderia desconsiderar o impacto das ações de Rubiales no bem-estar mental e na carreira profissional de Hermoso. Além disso, destacou que Rubiales utilizou sua posição para publicar declarações atribuídas a Hermoso que ela não havia escrito ou autorizado.

A comissão sublinhou que o facto de o presidente de uma federação beijar um jogador (do sexo oposto) de uma das selecções nacionais sob a sua liderança e responsabilidade era totalmente inaceitável. Confirmaram que não houve acordo entre Rubiales e o jogador em relação ao beijo, e o comportamento do jogador antes do incidente não indicava qualquer desejo ou consentimento em ser beijado.

O resumo mencionava ainda que Rubiales violou repetidamente as regras básicas de conduta adequada, envolveu-se em gestos ofensivos e agiu de uma forma que trouxe descrédito ao futebol.

A FIFA afirmou que qualquer parte que pretenda recorrer da decisão deverá declarar formalmente a sua intenção por escrito no prazo de três dias após ser notificada dos fundamentos da decisão.